segunda-feira, julho 11, 2005

v: a história do zé piscinas

- Olha quem está aqui! Então, Cajó, tudo bem?

- Olha o Zé Tó! Cá se vai andando. Ao pé-coxinho. E como é que vai isso, pá?

- Vai muito difícil, muito difícil. Tempos de crise, o governo não ajuda, tudo uma cambada de otários, é o que é. Havia de lá 'tar eu. 'Inda agora perdi uma perna à custa dos transportes públicos. Aumenta a gasolina, dá nisto.

- Pois, realmente, isso parece feio, pá. Olha, sabes quem é que morreu?

- Quem?

- O Zé Piscinas.

- Ah foi? Ah coitado…Morreu de quê?

- Um acidente muita estranho, pá. Ouvi dizer que acabou com dois garfos espetados nos olhos.

- Olha, podia ter sido pior. Foi uma morte santa. Ele tinha filhos, não tinha? E a mulher dele era uma boazona do caraças. Como é que ela 'tá?

- 'Tá boa. Vamos casar assim que a certidão de óbito 'tiver pronta.

- A sério? Parabéns.

- Pois é, pá. Olha, pá, tenho de ir andando. Foi bom rever-te, pá. Temos de combinar um dia p'a irmos beber um café, pá.

- Pois é, tem que ser. Vá, tchau.

- Tchau.

E cada um pulou ao pé-coxinho para seu lado.