Foi então, no cenário de destruição desoladora do parque infantil de Sobral de Monte Agraço, enquanto jazia arrasado no chão frio e húmido, que Zé Tó viu surgir uma luz brilhante. "Outra vez o autocarro, não.", pensou. Mas não era um autocarro. Era o Nuno da Câmara Pereira que aparecia, com uma coroa na cabeça e um ceptro na mão. Estendeu a mão a Zé Tó. Não a do ceptro. A outra. Estendeu-a. A Zé Tó.
- Vem, meu amigo. Junta-te a mim nesta busca. – disse Nuno, enquanto pombas brancas voavam idilicamente à sua volta.
Com dificuldades, Zé Tó levantou-se, apoiando-se na sua única perna.
- Que busca é essa, Ó Iluminado? – perguntou Zé Tó, resignando-se à sua mortal condição.
Nuno olhou em direcção ao horizonte, enquanto anjinhos à sua volta tocavam harpa e cantavam a 'Avé Maria' de Schubert.
- Procuro o Santo Graal. – disse, a sua voz ecoando pelos vales e colinas de todo o mundo. Sinos tocavam ao longe. – Acompanha-me e serás recompensado pela tua bravura.
Como Zé Tó não tinha mais nada para fazer, foi com ele e juntos cavalgaram em direcção ao pôr-do-sol. Sim. Eles tinham cavalos.