segunda-feira, julho 31, 2006

xvii: o regresso da irmã lúcia mas não do panado.

- QUANDO ME DISSESTE QUE IA FAZER O JOGO DA MALA, NUNCA PENSEI QUE FOSSE ISTO, SEU SACANA DE MERDA!!! – gritava Jorge Gabriel, a sua voz abafada pelo cabedal da mala onde se encontrava.

Zé Tó sentia-se embaraçado. Todos no Expresso ouviam os gritos do apresentador de televisão e olhavam para Zé Tó como se este comesse criancinhas.

Aparentemente, Paulo China havia desancado no Jorge Gabriel por este lhe ter comido o último donut com pepitas de chocolate. O apresentador nunca pensou que tal acção pudesse desencadear a transformação de Paulo China no esverdeado Incrível China. “CHINA…QUER…DONUT!!”, foram as últimas palavras que Jorge ouviu, antes de acordar dentro de uma mala num Expresso a caminho de Fátima.

Ao chegar ao seu destino, Zé Tó teve finalmente oportunidade de abrir a mala e retirar, de entre boxers e vestidos de gala, o Jorge Gabriel, que continuava a barafustar.

- Filho de uma mãe... – murmurou Jorge, enquanto retirava da boca uma peúga branca com a raquete da Naike.

Zé Tó que continuava a ser olhado e comentado por toda a gente que passava, incluindo um homem sem dentes, sem braços, de joelhos em sangue e com restos de velas nos cantos da boca, fartou-se. Pegou no Jorge Gabriel e exibindo-o, pregou:

- OLH’Ó APRESENTADOR DE TELEVISÃO A 50 ÉRIOS!! É do melhor que há! É A 50 ÉRIOS!

Logo acorreram velhotas a querer comprar o Jorginho.

- OLHE AS FOTOS DOS MEUS NETOS!! – gritavam umas.

- EU QUERO GANHAR O CABAZ!! – gritavam outras.

Zé Tó vendeu-o rapidamente e contando o dinheiro, dirigiu-se ao Museu da Cera. Quando levantou a cabeça, viu que, lado a lado caminhando com ele, ia o espírito da Irmã Lúcia.